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Stress e o teu DNA Como o mindfulness pode alterar a expressão dos teus genes


Levar uma picadela no dedo no trabalho para dar uma amostra de sangue não é algo que muito comum para executivos de publicidade. No entanto, num dia quente de julho de 2015, quinze membros de uma agência de publicidade em San Francisco interromperam as suas agendas ocupadas e alinharam-se no seu escritório para fazer isso mesmo: cada um deles forneceu uma amostra de sangue.

Os participantes neste estudo eram considerados as mentes mais produtivas da empresa em questão - sócios, directores, gerentes e especialistas - desde operacionais aos recursos humanos, passando pelos criativos. Pessoas apaixonadas pela sua arte e com desejo de impactar o mundo, também eles lutavam com a dificuldade em fazer o equilíbrio entre o trabalho e as outras áreas das suas vidas. Desejavam aprender a transformar os seus altos níveis de stress em bem-estar.

Estas pessoas empreendedoras fizeram parte de um estudo piloto de 12 semanas - chamado Mindful Workday - que Parneet Pal desenvolveu na organização em que os participantes trabalhavam. O estudo pretendia perceber os efeitos do mindfulness na sua capacidade de foco, de relacionamento com as suas próprias emoções e com o desenvolvimento da compaixão.

No entanto os autores do estudo não estavam apenas interessados em como eles diziam sentir-se antes e depois de 12 semanas de treino em mindfulness ( através da utilização de várias escalas de bem-estar , resiliência e atenção plena cientificamente validadas). Os autores queriam saber o que se passava com os participantes ao nível celular - ao nível da expressão genética - antes e depois de completarem a intervenção de 12 semanas.

A intervenção de 12 semanas consistiu em uma sessão presencial de uma hora por semana durante o horário de trabalho, sobre a ciência e a prática mindfulness e de compaixão. Receberam igualmente acesso a uma plataforma digital com meditações guiadas e conteúdo de aprendizagem adicional.

Muito importante foi o facto de as sessões terem focado competências diárias e mudanças comportamentais que poderiam ajudar a tornar as tarefas do dia-a-dia - reuniões, caminhadas, alimentação, respiração - bem como as interacções emocionais mais difíceis com colegas de trabalho, em momentos de maior consciência e compaixão.

Será que os genes dos participantes responderiam a esta mudança no estilo de vida?

Como um médico que se afastou da prática clínica para se concentrar na prevenção e na ciência do bem-estar, o autor do estudo tem um amor intenso relativamente ao campo da epigenética.

A epigenética ("acima" ou "além" da genética) explora o fato de que, enquanto os genes que herdamos de nossos pais não mudam, como eles se expressam nos nossos corpos podem ser influenciados por vários fatores ambientais - incluindo nosso estilo de vida.

Em qualquer momento, um gene pode estar ativo ou ativado ou inativo e desativado. O que comemos, a forma como nos movemos, o quanto dormimos e a forma como gerimos o nosso stress, podem afectar directamente esta mudança, de uma forma ou de outra.

Aqui reside o imenso poder e o potencial do estilo de vida que escolhemos para a nossa saúde e bem-estar.

Embora possamos herdar uma predisposição genética para várias doenças crônicas - como doenças cardíacas, cancro, diabetes, ansiedade, depressão, distúrbios auto-imunes, entre outros - estamos capacitados através das escolhas que fazemos a cada dia, para evitar que esta predisposição se transforme em realidade.

Um dos grupos-chave de genes são aqueles que codificam a inflamação no corpo. A inflamação é simplesmente a resposta protetora do corpo a qualquer tipo de toxina ou lesão.

No entanto, quando a inflamação é crónica e persistente no nível celular (por exemplo, quando exposta à "lesão" do stress diário, ou uma dieta rica em fast-food, ou permanecendo sedentário), desencadeia um efeito dominó que leva ao desenvolvimento de doenças crónicas.

Passadas as 12 semanas de intervenção, de volta à agência de publicidade, chegou a hora de uma segunda amostra de sangue de. Concluímos com sucesso nosso programa de 12 semanas e todos esperaram os resultados.

Para fazer a análise, primeiro examinaram a expressão média do conjunto de genes CTRA (genes relacionados com a inflamação e a imunidade) para o grupo de participantes, e estabeleceram-na como linha de base. Em seguida, analisaram a expressão média deste conjunto de genes para o grupo de participantes, após 12 semanas de fazer o programa. Em seguida, perguntaram: a expressão média desse conjunto de genes mudou ao longo das 12 semanas? Descobriram que sim!

Descobriram uma expressão significativamente menor de genes inflamatórios e maior expressão de genes que impulsionam a imunidade. Além disso, o grupo relatou melhorias estatisticamente significativas ao nível do seu bem-estar psicológico e social, Um sinal de florescimento. Houve também uma tendência para maior sensação de conexão verbalizada ao longo de 12 semanas, e uma tendência ascendente em níveis de mindfulness (a capacidade de prestar atenção ao presente sem se perder no passado ou no futuro).

Escusado será dizer que estas são conclusões extremamente encorajadoras e emocionantes para os autores do estudo, uma vez que apoiam fortemente o programa de 12 semanas baseado em mindfulness como tendo feito impacto nesta população em contexto laboral. Os autores referem tembáme estar conscientes de que estes são dados preliminares dentro de uma pequena amostra e um estudo observacional, reconecendo que muito mais trabalho está por vir.

Pode ler o artigo original aqui

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